24 agosto 2003

Racismo

No meu trabalho, existe um negro, Angolano, daqueles nojentos, estúpidos, verdadeiro exemplo daquilo que os tugas criaram: uns animais ridiculos e aproveitadores, mesmo de restos sociais putrefactos... Não consigo comunicar com esse exemplar. Tão natural, penso, já que o mesmo tem orgulho em ser a bosta que é. Diz que Angola está no estado que está, por culpa dos tugas... Que se os Portugueses não tivessem abandonado, sim, abandonado, Angola, essa nação não estava assim... Que os tugas não foram corridos de Angola, que ninguém queria os Portugueses fora de Angola, que os Portugueses são cobardes e por isso sairam a correr e que isto, diz ele, é tudo verdade... Está na História. Estúpido.

Ramones. Estou a ouvir a colectânea dos Ramones. Fixe. Os merdas do trabalho estão todos fodidos... Fixe.

Estive a beber uma cerveja. Fresca. Muito boa. Não bebi muitas, só uma. Fresca.

Estou a ouvir estórias do Jota. Estórias do Avô, enquanto era vivo, trabalhador numas minas, grande mulherengo, com uma vida fantástica, energia aos 80 anos,etc. Boa pessoa, o Jota. Dos poucos que tenho o prazer de conviver e trabalhar. É um tipo da minha geração, 36 anos. Origens humildes. Educação primária. Uma vontade de estar bem, sempre, em qualquer sitio. Gosta de gajas, aos montes. De vinho, mesmo do carrascão. Petiscos e musica parola. Pessoa simples, de gostos simplórios. Vida dedicada ao gozo máximo da simplicidade.

Sinto-me muito triste, abatido. Com saudades. Muitas. Sinto falta das minhas Avós. Das suas experiências da vida. As minhas professoras. As minhas referências. Sinto falta do colo da minha Avó paterna, de me deitar com a cabeça no seu colo. Das suas formulas de me convencer a comer a sopa, o arroz e o peixe frito. Das suas festas na minha cabeça, caricias que me acalmam. Do seu amor, total e dedicado, pelos netos. Das suas lições, que se tornariam mais tarde, tarde demais talvez, em regras na minha vida. Do seu conforto simples, ao me receber quando eu chegava a casa, vindo da escola e da minha escola de vida. Sinto a falta da minha Avó materna, a sua visão mais rigorosa do mundo. A sua formação clássica católica, socialmente correcta, integrada, sem falhas, vinda de um nivel social alto, muito alto. Dama de aço duplo. Inquebrável. Pilar de união para uma familia em ruinas. Vitima de uma asneira da sociedade tuguesa. Politicamente de direita, contra a esquerda. A minha influência óbvia. A origem do meu outro lado, socialmente correcto, marginal. Suporto as suas ausências.

Sou de direita esquerdista. Anarquista monárquico. Sem religiões nem credos.

Doi-me a cabeça. Sinto o sangue a percorrer as minhas ideias, cortando todas as tentativas, minhas, de ser lógico. Compreensivel. Aceite. Reconhecido. Filhos da puta... Voçês são todos uns filhos da puta...

Todos para a merda...

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